De petisco à sobremesa, ele é um dos queridinhos da estação.
Pesquisas realizadas pela Embrapa Florestas confirmam que o pinhão é rico em calorias, fibras, minerais, ácidos graxos e vitaminas que trazem inúmeros benefícios ao organismo humano, especialmente para trabalhadores braçais, atletas, crianças e jovens em fase de desenvolvimento.

Por Silvana Bezerra

Pesquisas realizadas pela Embrapa Florestas confirmam que o pinhão é rico em calorias, fibras, minerais, ácidos graxos e vitaminas que trazem inúmeros benefícios ao organismo humano, especialmente para trabalhadores braçais, atletas, crianças e jovens em fase de desenvolvimento.

Os ácidos ômega 6 e 9 encontrados em sua composição contribuem para a redução do colesterol e previnem doenças cardiovasculares; o potássio ajuda a controlar a pressão arterial e as fibras regulam o trato digestivo. Para quem segue dieta, o pinhão oferece hormônios supressores da fome, além de antioxidantes que combatem os radicais-livres, responsáveis pelo envelhecimento precoce e favorecem a visão. Rico em ferro, o pinhão também contribui para o aumento do nível de hemoglobina no sangue. Entre os atletas, o pinhão pode ser útil contra cãibras musculares, fadiga e tensão.

A colheita só é permitida depois do dia 1º de abril, quando as pinhas já estão maduras. A regra é clara e em algumas regiões rende até multa para quem desrespeita. O motivo é simples, a floresta com araucárias já perdeu 97% de sua área original e está na lista das espécies ameaçadas de extinção da União Internacional para Conservação da Natureza e na Lista Vermelha da Flora Brasileira, elaborada pelo Centro Nacional de Conservação da Flora.

Para especialistas, entretanto, não basta preservar as árvores existentes porque as árvores também envelhecem. É preciso dar uma força à natureza, incentivando o plantio. A araucária possui um ciclo de vida lento e demora de 15 a 20 anos para chegar à fase adulta e depende dos animais e do vento para se espalhar. Entre os principais animais que contribuem para a dispersão das sementes estão as cotias, as pacas, os ouriços, os camundongos e os esquilos, além de aves como o papagaio-de-peito-roxo, a gralha -picaça, a gralha azul e os tucanos.

Colher pinha exige coragem

Para os pequenos produtores colher pinhas é uma tradição que vem diminuindo ano a ano. As araucárias adultas têm entre 20 e 50 metros e chegar até a copa para derrubar as pinhas não é tarefa para qualquer um. Há quem use escadas e cordas, mas a forma mais popular é escalando o tronco com a ajuda de esporas para facilitar. Com a ajuda de uma longa vara, as pinhas são derrubadas uma a uma. Outro método mais simples é deixar que a própria natureza faça esse trabalho também. Em Monte Verde, a casa de Filomena Russo e Janir Francisco de Souza fica escondida entre as araucárias que garantem uma boa produção de pinhões. A batida seca das pinhas no chão indica que é hora da coleta. Filomena confessa o temor de ser acertada por uma pinha, mas Janir percorre o terreno colhendo as sementes que serão, depois, acondicionadas caprichosamente em redinhas e distribuídas entre os amigos.

Dicas para escolher o bom pinhão

Pinhão bom é pinhão maduro, aquele que caiu e a pinha se abriu. Isso significa que cumpriu seu ciclo de desenvolvimento. A casca precisa estar amarronzada, brilhante e firme. Não pode estar furada, sinal de que já foi alvo de roedores ou aves. A polpa é clara, úmida e macia. Teste final: na hora do cozimento coloque-o na água e observe. O pinhão bom afunda e o velho boia por ter uma densidade menor. Exclua esses antes do preparo de suas receitas.

Saiba como conservar a semente da araucária

O produto é sazonal, mas usando a técnica adequada é possível mantê-lo por mais tempo no cardápio da família. De acordo com a engenheira química e mestre em tecnologia de alimentos, Maria Lúcia Masson, antes do armazenamento é importante verificar a higiene e qualidade do produto. Os pinhões precisam estar frescos e não podem ter sido submetidos a temperaturas superiores a 18 ºC.

O pinhão cozido, sem casca e embalado à vácuo, em refrigeração apenas, dura 15 dias. Com casca, em saco plástico não lacrado na gaveta de legumes, numa temperatura entre dois e dez graus pode durar até 60 dias. Para congelar o pinhão, antes, ele deve ser cozido e acondicionado em um saco plástico ou recipiente bem fechado. Dessa forma pode durar até 6 meses, mas para usá-lo deverá sair do freezer direto para a panela (sem descongelamento prévio).

Outra alternativa é fazer conserva doce ou salgada que tem validade de seis meses. Para isso é preciso ter recipientes novos e bem vedados. O segredo está no índice de acidez da mistura (PH). O pinhão cozido sem casca pode ser conservado em salmoura ácida, feita com água, vinagre e sal, ou xarope, feito de calda de açúcar e água.

Para conhecer mais sobre o cultivo e preparação da pinha, veja este vídeo da Embrapa:


RECEITAS

Doce de pinhão de colher

EDIÇÃO 62 NA ÍNTEGRA!
Veja essa matéria e muito mais
acessando a revista online!

SAIU DO FORNO!
Edição 65 acabou de chegar!
Clique aqui e confira!

SOBRE O AUTOR

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *