Xenobióticos: qual a importância deles na sua saúde?
Alguns componentes de cosméticos, alimentos, produtos de limpeza, medicamentos como antibióticos, aditivos químicos, conservantes, corantes, praguicidas etc. possuem substâncias tóxicas que podem ser ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele e causar inúmeras doenças…
*Por Daniela Spimpolo
Essas substâncias interferem no metabolismo do organismo e são denominados de xenobióticos (xeno = estranho; bio = vida). Estes agentes tóxicos são componentes químicos capazes de causar grandes danos biológicos com risco de morte, dependendo do grau de exposição ao organismo. Uma substância dessa, por exemplo, pode se ligar à um receptor hormonal, fazendo com que o hormônio não seja capaz de exercer sua função como deveria. Estudos indicam importante relação entre o aumento da exposição a xenobióticos e doenças como: infertilidade, endometriose, menopausa precoce, obesidade, hipertensão, mal de Alzheimer, câncer, entre outras.
Felizmente, o organismo tem mecanismos de defesa nas células chamado de biotransformação, capazes de transformar essas substâncias nocivas, eliminando ou minimizando seus danos. O fígado é o principal responsável por essa missão, metabolizando, inativando e excretando essas substâncias. Quando o organismo não consegue degradar os xenobióticos, estes formam depósitos tóxicos, capazes de aumentar a inflamação do corpo, alterar funções endócrinas, liberar radicais livres e, por consequência, provocar doenças como as relatadas acima.
Para o fígado realizar a biotransformação dessas substâncias, duas fases são necessárias: fase I – transformação: diminuir a toxicidade; fase II – conjugação: excretar essas substâncias.
Estudos mostram claramente que a alimentação tem total importância nos sistemas de destoxificação do organismo. Essa “faxina” é de responsabilidade do citocromo P450 (ou CYP), que consiste em uma família de enzimas. Para formar o citocromo P450 vários nutrientes são necessários, como: cobre, zinco, vitamina A, riboflavina, piridoxina, ácido fólico, vitamina B12, ferro, além de alguns aminoácidos e fitoquímicos. Desta forma, o consumo de frutas e verduras é indispensável para o bom funcionamento desse processo e destoxificação eficiente do organismo, por conterem componentes específicos para prevenção de diversos tipos de doenças.
Como se proteger dos xenobióticos?
Nosso organismo apresenta meios específicos de proteção e combate aos xenobióticos através das chamadas substâncias antioxidantes, presentes em frutas, legumes e verduras, sementes (como chia, quinoa, linhaça, aveia e amaranto), óleos vegetais (como azeite e canola), aves e peixes de boa procedência e água, muita água, além da prática regular de atividade física.
Também é possível se livrar dos xenobióticos por meio do bom funcionamento do fígado, dos rins, intestinos e pele (suor). Por isso, hábitos que promovam a saúde desses sistemas são fundamentais para prolongar a saúde e evitar doenças.
Tudo o que ingerimos tem um destino programado no nosso organismo. Valorizar nossas escolhas alimentares é um ótimo caminho para uma vida mais saudável, plena e longe de certas doenças! Pense nisso!
CONHEÇA ALGUNS XENOBIÓTICOS:
PRAGUICIDAS: o Brasil ocupa o 4º lugar entre os maiores consumidores de praguicidas na América Latina. A contaminação se dá pela manipulação do produto por trabalhadores. A população pode ser afetada ao consumir água, frutas, verduras, legumes, carne, ovos, leite e derivados contaminados;
PLÁSTICOS: os aditivos de plásticos são encontrados nas embalagens e em rolos de PVC utilizados para cobrir alimentos. As moléculas desses produtos migram das embalagens e têm maior afinidade por alimentos gordurosos. Aquecido ou congelado, o plástico libera substâncias tóxicas, especialmente o BISFENOL A. O prejuízo é grande para crianças pequenas e gestantes, tendo em vista que atravessam a placenta, podendo provocar alterações permanentes no cérebro do feto;
METAIS PESADOS: a intoxicação crônica por estes metais tem efeito principalmente no sistema nervoso central e no fígado;
CHUMBO: se acumula no organismo, ocasionando alterações hematológicas e no sistema nervoso central e periférico, levando à hiperatividade e podendo interferir na absorção de cálcio, ferro e cobre. É encontrado na fumaça de carros, cigarros, em alguns cosméticos, enlatados e praguicidas;
ALUMÍNIO: pode ser consumido pela utilização de utensílios de alumínio, como latas, panelas e embalagens de alumínio. A intoxicação está associada a distúrbios de aprendizado, hiperatividade e, recentemente, tem sido associada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer;
MERCÚRIO: pode contaminar peixes e frutos do mar por meio da contaminação ambiental;
CÁDMIO: é encontrado em praguicidas, na fumaça do cigarro e em alguns aditivos alimentares;
ADITIVOS ALIMENTARES: são os ingredientes adicionados aos alimentos industrializados com o objetivo de modificar suas características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais durante a fabricação;
NITRITOS: utilizados como conservantes nas carnes têm a finalidade de intensificar o tom avermelhado ou a ação bacteriostática, bastante prejudicial à saúde;
TARTRAZINA: é um corante amarelo relacionado às reações alérgicas, é utilizada no Brasil em vários alimentos e medicamentos, proibido nos EUA há mais de 20 anos. Outros corantes, como a BENZIDINA E O LARANJA B, são associados ao desenvolvimento de câncer de bexiga. Os corantes e conservantes artificiais estão presentes na maioria dos produtos industrializados. Os PIORES ADOÇANTES ARTIFICIAIS (aspartame, ciclamato e sacarina) estão presentes na maioria dos produtos light e diet, como sucos, refrigerantes, balas, iogurtes, pães e outros.
PARA FICAR LONGE DOS XENOBIÓTICOS, EVITE:
🚫 consumir produtos (alimentos e água) de procedência duvidosa quanto ao uso de praguicidas;
🚫 consumir produtos contendo aditivos, principalmente corantes, conservantes, enlatados e adoçantes artificiais;
🚫 usar plásticos a base de BISFENOL (preferir pote de vidro, squeeze de água de inox ou vidro, opte por potes plásticos que contenham a mensagem LIVRE DE BISFENOL ou BPA FREE);
🚫 aquecer alimentos em potes plásticos (recipientes comuns) no micro-ondas e tomar bebidas quentes em copos plásticos;
🚫 não deixar as garrafas PET com água em ambientes com temperatura elevadas (dentro do carro no sol, por exemplo);
🚫 desconfie de legumes muito grandes, pois podem ser resultado de adubação e estimulantes artificiais (priorizar o consumo de alimentos naturais, livres de conservantes, sempre que possível, optar por alimentos orgânicos);
🚫 cosméticos que tenham na sua formulação: formaldeído (presente em esmaltes e alisantes de cabelo), triclosan (presente em pasta de dente, branqueador dental, creme de barbear e sabonetes), chumbo (desodorantes e batons), óleo mineral (produtos para o cabelo, hidratantes corporais e faciais);
🚫 o uso de papel alumínio para embalar alimentos.
*Daniela Spimpolo é nutricionista (CRN: 3-9975). Consultório: rua Dr. Melo Alves, 89, Cerqueira César – SP. • Telefone e WhatsApp: (11) 98347-3100 • Instagram: @danispimpolonutri
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