Conheça os inimigos do seu corpo no inverno!
A campanha de vacinação contra a gripe está quase no fim, mas esse não é o único mal do inverno. Outros fatores podem prejudicar seu organismo, por isso é importante conhecê-los para se prevenir.
Por Silvana Bezerra
Goste você ou não da estação mais fria do ano, uma coisa é certa: seu corpo reagirá à queda da temperatura produzindo mudanças que talvez você nem perceba, e não adianta se trancar em casa e correr para baixo de cobertores. O inimigo pode estar escondido justamente lá. Além dos problemas respiratórios, populares nessa época, é comum também o agravamento de problemas circulatórios e o aumento de queixas de dor, em geral causadas por artrite e artrose.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo epidemiologista Nelson da Cruz Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, a queda de cada grau abaixo dos 20ºC aumenta em 4% o número de mortes entre crianças e 5,5% entre idosos. A gripe representa um enorme risco para esse grupo. Suas complicações podem levar à pneumonia, uma das principais causas de morte apontadas pela pesquisa.
Baixas temperaturas x Circulação
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os problemas circulatórios são responsáveis por cerca de 20% das mortes no Brasil, especialmente no inverno. Especialistas explicam que o frio estimula a contração dos vasos sanguíneos, principalmente das artérias periféricas, o que pode ser perigoso principalmente para pessoas com quadro de obesidade e sedentarismo. O excesso de gordura nas paredes das artérias dificulta o acesso do sangue a alguns tecidos elevando os riscos de desenvolvimento de insuficiência arterial periférica, infartos do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Com as baixas temperaturas, observa-se com mais frequência também o chamado fenômeno Raynaud que contrai as artérias e deixa as extremidades (mãos e pés) geladas, pálidas e às vezes arroxeadas. Dormência ou inchaço nos membros e formigamento nas mãos e nos pés são sinais de má circulação. Câimbras, dor ao caminhar, paralisia ou fadiga muscular podem ser indícios de arteriosclerose.
Para evitar o problema é necessária a manutenção de um estilo saudável que inclua atividade física e alimentação balanceada, mesmo no inverno. O uso de roupas confortáveis, que não comprimam os membros e a ingestão de água também favorecem a circulação. As meias elásticas só devem ser usadas com orientação médica. Fique de olho na pressão e na glicemia.
Dores de inverno
Embora não se tenha uma explicação clara sobre esse fenômeno, é sabido que a sensibilidade e a percepção dolorosa aumentam com a queda das temperaturas e os que mais sofrem são pacientes com artrite, artrose, lúpus, esclerose sistêmica e fibromialgia. A constrição vascular que afeta a circulação e a contração muscular em algumas áreas são suspeitas. Nas articulações, atribui-se a dor ao espessamento do líquido sinovial, que prejudica os movimentos e incomoda.
Exercícios aeróbicos e alongamentos são imprescindíveis para driblar a dor. Agasalhe-se bem, protegendo as mãos, punhos, pés, pescoço e cabeça especialmente. Nas crises, a aplicação de bolsas de água quente podem aliviar dores na região de antigas fraturas ou provocadas por artrose, artrite e fibromialgia. Além de prestar mais atenção à dieta, é recomendável tomar sol frequentemente para facilitar a metabolização do cálcio. Massagens, hidroterapia e fisioterapia são outras medidas benéficas em alguns casos.
A pele exige cuidados
Tempo seco, frio e banhos quentes podem provocar ressecamento da pele, abrindo caminho para infecções, inflamações e infecções. A dermatite seborreica (caspa) é uma reação das glândulas sebáceas para combater a secura ou a água quente do chuveiro. Para piorar surgem fungos que se alimentam dessa gordura, provocam coceiras e as cascas brancas. Para evitar o problema não lave e seque em altas temperaturas, use xampus especiais e dispense toucas, gorros e bonés, que favorecem a oleosidade.
A dermatite atópica é outro problema da temporada e ataca especialmente quem já têm outras alergias, como rinite, bronquite e sinusite. Caracterizada pela pele avermelhada, coceira, prurido e descamação, notados nas dobras, como atrás do joelho. Banhos quentes e prolongados pioram a condição. A hidratação é fundamental e nos casos mais graves deve-se consultar um médico.
A psoríase é outro problema que pode ser agravado com o inverno. Capriche na hidratação e procure se expor ao sol fora dos horários de pico para aliviar as crises. Às vezes, é preciso recorrer a comprimidos, remédios e loções.
A ictiose vulgar atinge mais os idosos que têm a camada protetora da pele mais frágil. Nesse caso a derme fica mais grossa, craquelada e descama. Banhos rápidos na temperatura do corpo seguido de hidratação é a recomendação para esses casos.
Alergias e doenças respiratórias
Engana-se quem culpa o inverno por todos os males. Muitos são provocados pelas mudanças de hábito. Nesse período, a tendência é passarmos mais tempo em locais fechados, pouco ventilados e tirar do armário peças mais quentinhas. Nesse caso, quem já tem predisposição para alergias ou doenças respiratórias fica mais suscetível à problemas e, principalmente nesses casos, é melhor prevenir que remediar.
Assim, troque as roupas de cama duas vezes por semana, lave as roupas de inverno acrescentando 50 mL de fungicida e deixe-as secar ao sol. Aplique o fungicida no armário também. Use capas de colchão e travesseiros antiácaros, prefira edredons a cobertas felpudas e limite o acesso de animais dentro de casa. A qualidade do ar durante o inverno tende a piorar, mas dentro de casa, com alguns cuidados, é possível ter um ambiente mais saudável.
Gripe, sarampo e meningite
Se não houver prorrogação, no dia 31 de maio, a campanha de vacinação contra a gripe será encerrada e a coordenadora de vigilância em saúde da prefeitura de São Paulo, Solange Saboia, destaca a importância da imunização para idosos, crianças, gestantes, obesos mórbidos e portadores de doenças crônicas. A vacina protege contra 3 subtipos do vírus da gripe (H1N1, H3N2 e Influenza B).
A médica alerta sobre falsas notícias. A vacina contra gripe, exceto para pessoas alérgicas a ovo, não possui contraindicações, não provoca problemas neurológicos nem autismo, como espalharam nas redes sociais. Solange Saboia diz também que é preciso diferenciar gripe de resfriado. A gripe é mais forte, provoca dores no corpo e febre alta e pode levar à pneumonia. O resfriado é mais leve e se caracteriza pela coriza e dor de garganta. O objetivo da vacina é combater a gripe, portanto é possível que mesmo vacinadas algumas pessoas enfrentem resfriados e mesmo gripes mais leves. Nesses casos a contaminação aconteceu através do ar ou contato com saliva de outra pessoa, já que o vírus da vacina é inativo.
Sarampo: desde 2017 o sarampo voltou a preocupar as autoridades de saúde. A vacina indicada é a Tríplice Viral que imuniza contra sarampo, rubéola e caxumba. Bebês devem tomar duas doses, aos 12 e aos 15 meses. Crianças e adultos, entre 5 e 29 anos, devem tomar duas doses; de 30 a 59 anos recomenda-se apenas 1 dose. Pessoas acima de 60 anos estão dispensadas da vacinação.
A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio da doença, que pode ser grave e se complicar com infecções secundárias como pneumonia, podendo levar à morte. A vacina não é recomendada a gestantes e portadores de imunodeficiências.
Meningite: Solange Saboia explica que existem dois tipos: viral e bacteriana. A viral é considerada benigna. A bacteriana é mais grave e deve ser prevenida com a vacina que combate a meningite C, pneumococos e hemófilos. Para os adultos, a vacinação só é recomendada no caso de contato com doentes. A transmissão é por contato direto e gotículas de saliva e espirro.
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