Padre Edilberto em momento de unção na Missa Campal em homenagem ao padroeiro São Francisco de Assis. Foto/© Equipe Vertical - Suzane Hammer

Na missa em homenagem ao padroeiro dos animais,
são eles quem pedem proteção divina.
Por Hulk, um cão repórter

Olá! Sou o Hulk – um Shi-Tzu fora dos padrões e “repórter bissexto” da revista Vertical. Nem poderia ser diferente. Quem melhor que um animal para falar sobre os parceiros? Mais, adoro a missa campal dedicada a São Francisco que, nesse ano, atraiu muito mais gente do que nos anos anteriores. Ainda assim notei a ausência do casal Leonetti e de alguns outros parceiros queridos. Fez falta a fofura do sheepdog Lucca e a presença sempre esperada da égua Pérola (dizem que morreu). Por outro lado, fiz novos amigos (ou encontrei “irmãos”, como diria São Francisco). Muitos vieram à missa pela primeira vez.

Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

A cada encontro como esse, descubro um novo sentido da fé. Na sua pregação, padre Edilberto Costa explicou: “pedir e não receber uma graça não significa que a pessoa não seja merecedora”. Quem tem fé, busca entender a vontade de Deus. Na minha “visão canina” isso significa que, para cumprir o projeto do Pai, precisamos seguir os caminhos que ele traçou sem atalhos. Quer outro exemplo? Eu adoraria ser cão de rua, livre para explorar esse mundão, mas Deus quis que fosse a companhia necessária para meus tutores e cá estou.

Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Outra dica de São Francisco: agredir a natureza significa agredir a nós mesmos que somos parte dela. Acho que uns e outros se esquecem disso. Acho até curioso dizer que o santo protege os animais como se os humanos não fizessem parte da categoria. Alô! É isso mesmo! Vocês podem ser racionais, mas continuam animais ok? Aliás, seria bom vez ou outra usar um pouco mais dessa razão para não fazer tanta bobagem. Depois, os inferiores somos nós. Inferiores? Isso me dá cócegas. Os humanos acham mesmo que nos escolhem, mas não faltam parceiros que mudaram a estória de muitos humanos (e a própria) com charme, lealdade e estratégia animal.

Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

A estória de Matias, um Dachshund de dois anos, é só a primeira de muitas parecidas. No colo do Valdir Lopes Urbaneja, o cão ouve a entrevista orgulhoso. Ter um animal foi recomendação médica para Vanessa, a filha de Valdir. Dona Antonieta, mãe dela, não queria, mas acabou convencida. Hoje, Matias circula por toda a casa e tem espaço até na cama do casal que o enche de elogios. “É carinhoso, bonzinho, percebe até quando alguém está triste”, diz Valdir. Matias segue o que diz a oração de São Francisco: “onde houver tristeza, que eu leve a alegria”.

O Dachshund Matias, no colo de Vanessa e Valdir. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Outra que conquistou a família foi Moti, uma Bull Terrier de quatro anos que foi à missa com o “avô” Sergio Amanai. Ela foi adotada pelo filho de Sergio que casou, mudou e deixou a cadela com os pais. Na casa, ela só não tem acesso aos quartos. Adora um sofá, TV e muuuuuita bagunça. Certamente o nome “Moti”, inspirado no doce de arroz japonês, se deve a cor da pelagem branquinha. Moti não me parece o tipo de garota que chamamos de “docinho”, mas é bem elegante e simpática.

Moti e o avô Sergio Amanai. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
O Golden Retriever Nemo. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Karen Casatti não escolheu Nemo, mas impossível não gostar do cara à primeira vista. Sabe aquele sujeito simpaticão? O Golden Retriever, dizem, é o cão dos sonhos. O cara tem mesmo aquela “elegância inglesa”. Karen contou que sempre quis um cachorro, mas Dona Carmem – a mãe – trabalhava e os avós não queriam. Só podia ter peixe e passarinho, mas cá entre nós, esse pessoal só curte a própria turma. Nós cães somos mais comunicativos. Resultado: já adulta foi surpreendida com um cão de presente. Conta que até chorou. Aos cinco anos, Nemo (isso não é nome de peixe?) é um come-dorme que, nas horas vagas, curte uma bolinha. Por falar em dormir, só não dorme com a Karen porque é muito calorento. Prefere o piso frio. Garoto esperto.

Outra que é afetada pelo calor é a Chow-chow Margarida, “primeiro bicho” (como assim? Somos todos bichos, animais, lembra?) na vida de Carolina Andrade. O marido sempre teve animais em casa e eles decidiram adotar um. Queriam uma fêmea. A garota chegou mordida na orelha, era pequena demais, não podia receber pontos. A ferida custou a fechar e Carolina recorreu a São Francisco. Por que o nome Margarida? Porque Carolina adora flores. Já tem até nome para a próxima adotada: Violeta. Enquanto ela não chega, Margarida reina na casa. É a “Princesa de Cambridge”. Faz sentido. Margarida não tem sangue azul, mas a língua é. Abre a boca benzinho!

A Chow-chow Margarida.
Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

A Nina não tem origem nobre, mas lembra um poodle. Sua estória, entretanto, renderia um romance com final feliz. Marcia Martins conta que a cadela e sua mãe, Dona Odete, se encontraram pela primeira vez quando a família voltava de uma chácara em Itapevi. Nina até tentou seguir o carro por um bom tempo, mas não teve forças para continuar. A insistência do animal impressionou tanto Dona Odete que aquela imagem não saia do seu pensamento. Ao retornar à chácara, a família procurou Nina pelas ruas e pediu informações, até que um pedreiro (que até já havia trabalhado para a família) ofereceu um animal que era a própria Nina. As duas se reconheceram imediatamente e estão juntas até hoje. Ah! O amor não é lindo?

Nina e Marcia Martins. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

O amor é tão lindo que não depende de raça. Uma tartaruga é indecifrável. Você não sabe quando está feliz, triste, não pula, não faz barulho, não brinca de bolinha… Mas mesmo assim, o Gabriel caiu nas graças de Pedro (10 anos) e Camila (7 anos). Eles ficaram com o animal porque uma amiga não podia continuar com ele. Gabriel é uma tartaruga patriota (o cara é todo verde e amarelo) de dois anos. Só precisa de ração, alface, uma bacia com água e uma pedra. Dizem que ele adora uma piscina, mas duvido que durma com os irmãos.

Pedro, Camila e a tartaruga Gabriel.
Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Preta e Mel se encontraram por acaso e, hoje, são irmãs graças à Beatriz Maia que as adotou. A primeira foi achada em Embu por uma amiga de Beatriz, mas como essa já tinha cinco outros cachorros, não tinha como receber mais um. Preta acabou indo para a casa de Beatriz para fazer companhia para a mãe dela, Dona Daise. Alguém tem dúvida de que a espevitada Preta movimentou a casa? A princípio ela ficaria temporariamente, até porque a família havia perdido Bianca, uma Cocker. Preta não só permaneceu com a família como abriu espaço para outra cadela: Mel, que estava na SOS Pet Alpha quando foi adotada, dois meses após a chegada de Preta.

Mel e Preta. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

No meio da missa conheci outro parceiro: Fish, um maltês de quatro anos, apesar do nome. (Os humanos me surpreendem. Nunca entendi a lógica da escolha dos nomes. Eu por exemplo, se tivessem reconhecido minha “inclinação literária”, poderiam me chamar de Quintana, Machado, Pessoa. Por que alguém chama um cão de peixe ou Fish? É para ficar mais chique? Não entendo…) Mas assim que o maltês chegou à casa de Arthur e Igor, foi batizado assim. Igor escolheu o nome, mas quem cuida mesmo do animal é o Arthur. Os dois são muito apegados. O menino só não se responsabiliza pelas traquinagens do pet, que já roeu até o lacre do gás. Parece que o amigo não sabe reconhecer o perigo. Talvez, por isso, prefira a segurança da casa em vez de se aventurar na rua. Fora, ele empaca, dizem.

O maltês Fish. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Cristiane com Zyah, Mai, Luna e Lipe.
Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Família do barulho é a dos também malteses Zyah, Mai, Luna e Lipe. Eles são irrequietos. Latem uns para os outros, para mim, para quem passa. Cristiane Lopes e Gilberto até tentam manter a turma na rédea curta (e colorida), mas eles não param. Seria uma forma própria de louvar o santo?

Ter um spitz (ou Lulu da Pomerânia) sempre foi o sonho de Nayara Alves. Não poderia ter recebido melhor presente de aniversário. A lulu Meg, de dois anos, é puro charme e companheira de Davi, o filho de Nayara. Meg já foi terrível, destruiu sapatos, sofá, papel de parede, mas tomou juízo. Acho que a família foi agradecer essa benção.

A spitz Meg e Davi. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Quem não estava a fim de socializar acompanhou a missa à distância. Elvis não saiu da gaiola, o Kiwy ficou aconchegado no colo do “avô” Edson Luiz, assim como Fred, o coelho da Valentina Tozzi. O bicho parece fofo, mas acredite, ele morde a Mel, a cadelinha da família (depois somos nós cães que levamos a fama). A dupla fica separada. Ela dentro da casa, ele no quintal. Valentina conta que ele é muito bagunceiro.

Elvis assiste à missa da gaiola. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
1: Kiwy e o avô Edson.
2: O coelho Fred no colo da Valentina, a cadelinha Mel e família.
Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Queria conhecer melhor o yorkshire Thanos, companheiro do Luiz. Estavam ali pela primeira vez, mas fui atraído pela agilidade da Mel que saltitava da mesa para o banco e o gramado com uma facilidade invejável, especialmente para um “intelectual sedentário” como eu. De cima da mesa acompanhava todo o movimento ao lado dos namorados Bruno Tosta Lupinari e Rafaella. O rapaz sempre quis um cachorro grande. A mãe não queria animais em casa, mas ele insistiu e Mel acabou adotada. A cadela adora acompanhar tudo do alto, talvez para compensar a altura. É uma comilona, mesmo tendo que tomar remédios para absorver os nutrientes dos alimentos, já comeu o fio de cobre do alarme, já destruiu um sofá e, por isso, hoje, “reina” na garagem. Com Bruno, ela é só carinho e ciúmes. Ele não resiste ao “olhar 43” e às lambidas de Mel.

Bruno recebendo carinho da sua cachorrinha Mel. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Outra ciumenta é a schnauzer Meg. Apesar de ser uma raça caçadora de roedores, é uma grande companheira de Sandra Sanchez que a recebeu de presente do marido no Dia dos Namorados. É a “filha caçula” de Sandra e Alfredo. Adora ficar no alto, no sofá, na cama, mas fica insuportável se tiver que concorrer pela atenção dos “pais”.

Meg tirando um cochilo ao lado de Sandra.
Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Iara e a pug Babalu.
Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

A pug Babalu é mais independente. Não curte pegação, mas não recusa os carinhos da Iara Aparecida Fontanelli. A cadela é mais velha que a menina, mas olhando para as duas não dá para saber quem é a mais peralta da dupla.

A pouca distância dali, a American Bully Ayla observa tudo. Ela é nova por aqui e, apesar da cara de brava, é tranquila. Tem menos de dois anos. Quando filhote destruiu um celular. Há quase três meses teve cinco filhotes. Está mais madura e não apronta mais.

O galgo Joaquim se manteve todo o tempo ao lado de Fábio Morais. Era sua primeira vez no pedaço e, apesar da aparência atlética, é um dorminhoco.

No meio de tantos parceiros novos, também reencontrei velhos amigos: o Juanito e a sheltie Mel que há tempos frequentam as páginas da revista Vertical Shop News ®. E, entre tantas estórias, São Francisco está sempre presente perdoando as “gafes animais e humanas”, unindo as pessoas, como nessa missa, e levando esperança aos que enfrentam um momento difícil.

1: A American Bully Ayla. • 2: O galgo Joaquim. • 3: Juanito. • 4: A sheltie Mel. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Momentos da Missa Campal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer
Campanha de Natal. Foto/© Equipe Vertical – Suzane Hammer

Para fortalecer a missão franciscana, mais uma vez foi dado início a Campanha de Natal que atende 350 famílias carentes e quase 1500 crianças. As sacolinhas para arrecadação de roupas e brinquedos começaram a ser distribuídas (e ainda podem ser retiradas após as missas na Capela e Paróquia de São Francisco). O prazo para entrega das doações vai até 24 de novembro. Como diz meu padroeiro: fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado / compreender do que ser compreendido / amar que ser amado / pois, é dando que se recebe / é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive / para a vida eterna. Amém!


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