No “Planeta Casa”, o paisagismo também se destaca

0

Na seção Decoração & Reforma da edição 62 trouxemos as principais novidades e tendências de decoração da CasaCor 2019. Agora, atendendo a muitos leitores que nos pediram mais fotos do evento, apresentamos alguns destaques de paisagismo da exposição, que explorou a harmonização dos espaços com a natureza, preconizando que num país tropical, a vida pede um contato maior com o ar livre e os ambientes externos, misturando contemplação e funcionalidade

Por Silvana Bezerra – Fotos: divulgação CasaCor 2019

Se existem jardins de inverno, pode-se pensar em salas de estar externas e até cantinhos inspiradores para o trabalho. A CasaCor, seja na edição paulistana, como em outras, continua focada na tendência. Quem passou pela mostra pôde até descansar nesses ambientes projetados exatamente para esse fim.

Alexandre Fercolin participou pela 8ª vez da CasaCor SP e criou a paisagem do “Refúgio Urbano” (foto de abertura) de 400 m², juntamente com a designer Marina Linhares. “O grande desafio é imitar a natureza e criar algo exuberante, mas que não seja impositivo”, explicou o paisagista.

O projeto aproveitou árvores já existentes, como as pitangueiras e araçás, e acrescentou outras: calatheas, mazanthas, aglonomensas e palmeiras. Para reproduzir a umidade, própria das florestas, foi adotado um sistema de irrigação que é programado para liberar fog. O passeio foi feito através de um deque suspenso de madeira com grades metálicas.

No pátio, a lareira externa rodeada por redes artesanais criou o cenário ideal para momentos de preguiça ou convívio. Para homenagear os trabalhadores envolvidos no projeto foi criada a “Fontana Del Lavoro”, feita com material descartado da obra.

Para quem acredita não ter espaço para um jardim, Felipe Alalou e Maria Lúcia Alalou apresentaram o “Jardim de Pandora”, criado entre duas casas. O projeto foi trabalhado em vários níveis contrastando com as casas. Bromélias acomodadas em canos de PVC ganharam altura, nos remetendo ao mundo fantástico de Pandora, do filme Avatar, revelaram os paisagistas.

Jardim de Pandora by Felipe Alalou e Marta Lúcia Abalou – Divulgação Casa Cor 2019.

No “Jardim dos Sentidos”, assinado por Bia Abreu, a proposta aguçou a sensibilidade do visitante, criando um oásis em meio às pedras e o concreto. Ocupando 116 m², o espaço mostrou a força do verde em composições tropicais. Palmeiras laca se misturavam em meio às costelas de Adão, filodendros lua clara e jiboias. Destaque para o Fícus lyrata de 4,5 m permeada por um banco em linhas retas de design autoral.

Bia Abreu dividiu seu oásis em três ambientes. Uma praça de entrada e dois pátios íntimos. Em um deles, dois balanços assinados por Lucas Neves foram instalados nos pergolados. Desenhou um espelho d’água que completa as linhas e o volume da casa, trazendo referências modernistas e optou por vasos e pedras soltas que têm mais mobilidade, permitindo a alteração do layout a qualquer momento.

No jardim vertical, samambaias se misturaram às costelas de Adão, guaimbê e véu de noiva. Uma caixa metálica comportou a lareira e deixou o ambiente ainda mais acolhedor. A peça trouxe ainda a possibilidade de utilizar uma tampa para servir como mesa nos dias mais amenos. “A ideia foi criar um ambiente que aproxime todos em volta do fogo”, define Bia Abreu.

Jardim dos Sentidos by Bia Abreu – Divulgação Casa Cor 2019

O “Jardim dos Chefs” foi uma homenagem a Janaina e Jefferson Rueda, projetado por Catê Poli e João Jadão tornou-se um espaço de estar “para ser desfrutado”. A dupla apostou em árvores frutíferas e temperos, como jabuticabeira, oliveira, mini romã, lantana, capuchinha, tamareira, taioba, pimenta, alecrim e manjericão.

Os vasinhos sustentáveis, produzidos a partir de cana-de-açúcar, se alinhavam à proposta da mostra juntamente com os móveis feitos de cordas náuticas e madeira certificada. No piso foram utilizadas placas drenantes.

Jardim dos Chefs by Catê Poli e João Jadão – Divulgação Casa Cor 2019

O “Jardim Bauhaus” foi inspirado no centenário da escola alemã. Clariça Lima usou um piso cimentício neutro para destacar ainda mais o mix de espécies tropicais, com texturas e volumes variados. Perto da fachada do Jockey, adotou plantas do semiárido para deixar os detalhes da construção à mostra.

Jardim Bauhaus by Clariça Lima – Divulgação Casa Cor 2019

Na “Varanda Palm Springs”, de Jean de Just, a elaboração do jardim ficou por conta de Marianne Ramos. No espaço, os cactos também apareceram ao lado de folhagens de diversas alturas. O ambiente foi inspirado na paisagem da cidade californiana.

Varanda Palm Springs by Jean de Just e jardim by Marianne Ramos
Divulgação Casa Cor 2019

O “Jardim Elementar” teve a assinatura de Elaine Kalil e Maurício Ferre. Dividido em três ambientes, o jardim foi cercado por uma vegetação tropical exuberante contornado com piso de madeira onde foi disposto o mobiliário em tons cinza e uva. A dupla explicou que para criar um jardim sensorial optou por elementos naturais como pedra, fogo, madeira e vegetação. Entre as espécies escolhidas estavam palmeira-pati, filodendro e calathea. A chamada “praça do fogo” era o ponto central. Os balanços criados por Sérgio Matos acrescentaram uma atmosfera lúdica ao ambiente.

Jardim Elementar by Elaine Kalil e Maurício Ferre – Divulgação Casa Cor 2019

O arquiteto Lucas Takaoka não assinou apenas o projeto do “Terraço Nohara”. Todo o mobiliário também era autoral. Os brises de madeira associados às chapas de metal produziram um belo conjunto que lembrava portas japonesas de papel de arroz. As ripas de madeira e os travamentos em chapa metálica foram executados de maneira a serem montados e desmontados com facilidade, fazendo com que a estrutura possa ser reutilizada em outro local, o que minimiza o gasto e desperdício de matéria-prima. Por ser uma construção de 20 m², agregar e não segregar foi a receita para tornar o espaço mais amplo. Takaoka diz que o projeto é um espaço para desacelerar, um terraço no meio da natureza. Daí veio o nome “Nohara” que significa “campo”, em japonês.

Terraço Nohara by Lucas Takaoka – Divulgação Casa Cor 2019

Casa sustentável tem horta

Chás, plantas medicinais e ervas aromáticas foram escolhidas para compor a “Horta da CasaCor”. O paisagista Marcelo Bellotto apresentou um projeto itinerante que pode ser desmontado, transportado e adaptado a qualquer outro ambiente. Para isso adotou vasos de resina de garrafa pet reciclada, que permitem cultivo de hortaliças e plantas frutíferas de médio porte como limão, lavanda, orégano, manjericão entre outras.

A horta recebeu adubo gerado pelo próprio resíduo orgânico da mostra, transformada em adubo que foi distribuído também entre os visitantes com explicações sobre como fazê-lo em casa. Quem pensou em dar um passo além, podia investir em uma composteira doméstica.

No ambiente, foi usado um modelo do tipo industrial. O visitante podia acompanhar o passo a passo da produção do adubo que consiste na mistura do resíduo orgânico processado com insumos e serragem para secar.

Horta da CasaCor by Marcelo Bellotto – Divulgação Casa Cor 2019

No “Jardim da Passarela”, do paisagista Mauro Contesini, a vontade era se esticar em um dos enormes balanços instalados sobre piso de ripas e um jardim vertical de fundo. Contesini apostou nos contrastes, aliando texturas naturais da vegetação, madeira clara, tons de cinza nos revestimentos e o metal preto da estante. São 80 m² pensados para que a pessoa se desconecte do mundo, relaxe, ouça música, leia, mas possa trabalhar se quiser, já que uma bancada também faz parte do projeto.

Jardim da Passarela by Mauro Contesini – Divulgação Casa Cor 2019

VarandAr By Felipe Nogueira e Luciana Pitombo Divulgação Casa Cor 2019





Varanda, andar e ar. Os três termos permitiram que os sócios Felipe Nogueira Stracci e Luciana Pitombo criassem o “VarandAr” – um espaço de passeio e descanso. Móveis de traços minimalistas foram cercados de carrinhos e vasos de PANCs (plantas alimentícias não convencionais), como dente-de-leão e lantana, que atraem pássaros e borboletas.


O veterano paisagista Roberto Riscala participou pela 26° vez da CasaCor SP. A “Praça da Arte” era um espaço para estar, descansar e contemplar. Riscala associou plantas tropicais com arte e design. Os azulejos que revestiam as floreiras, por exemplo, foram inspirados nas figuras do artista Athos Bulcão. No piso, as placas cimentícias formavam triângulos contrastantes em preto e branco. No local não faltaram nem totens para recarga de celulares, ou seja, a conversa pôde se estender por mais tempo.

Praça da Arte By Roberto Riscala – Divulgação Casa Cor 2019

Estilo contemporâneo e vegetação ornamental definiram o “Jardim dos Dragoeiros”, assinado por Luciano Zanardo, outro estreante na CasaCor. No espaço de 100 m², o paisagista optou por espécies xerófitas que exigem pouca água.

Jardim dos Dragoeiros By Luciano Zanardo – Divulgação Casa Cor 2019

O deque de madeira convidava para um passeio. Oito dracaenas draco, conhecidas como dragoeiros, originárias das Ilhas Canárias, Madeira e Açores se destacavam, mas o foco estava no centro do espelho d’água revestido em mármore, numa árvore nativa da Mata Atlântica: a Erytrina speciosa, conhecida como mulungu.

Enquanto os dragoeiros representam a força e a determinação do ser humano, a Erytrina simboliza a essência, a singularidade e o respeito do ser humano às diferenças existentes. O capim-dos-pampas reforça a ideia de afeto e apego às raízes”, explica Luciano.

O “Jardim dos Dragoeiros” propôs também uma nova forma de projetar os jardins, a partir do cultivo de tipos que necessitem de pouca água na rega, além de ressaltar a importância da flora brasileira em nossas casas. O modo de viver e morar estão mudando, as construções já acompanham esse movimento, seja no tamanho ou layout da planta. Os jardins e quintais, pelo visto, não irão contrariar a regra.


EDIÇÃO 63 NA ÍNTEGRA!
Veja essa matéria e muito mais
acessando a revista online!

SAIU DO FORNO!
Edição 65 acabou de chegar!
Clique aqui e confira!

SOBRE O AUTOR

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *