Ano novo, senhas novas. Será que basta?

Você já fez a conta de quantas senhas precisa ter nos dias atuais
e tem o hábito de renová-las frequentemente?
Por Silvana Bezerra

Se você tem conta em banco, deve ter a senha do cartão, do app e da internet. O cartão de crédito também tem senha. Se tiver mais de uma conta ou cartão, multiplique. Aí tem a senha das redes sociais e do e-mail (se tiver mais de uma conta, multiplique). Além dessas, seu celular tem senha? E o computador da empresa e o seu computador pessoal? Sem falar dos códigos de acesso ao e-social, Detran, TV a cabo, empresa de telefonia, plano de saúde, administradora do condomínio… acabou? Ou você lembrou de outras? Como você guarda ou escolhe suas senhas?

É importante estar atento a esse detalhe. De posse da sua senha, é possível obter uma série de outras informações que podem colocar em risco sua própria segurança. Trocar as senhas periodicamente é o primeiro passo para evitar dores de cabeça. O segundo é adotar para cada caso, combinações diferentes e mais complexas, misturando letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos que não fazem o menor sentido, pelo menos para os outros. Outra alternativa é validar o acesso em duas etapas quando possível.

Dados, o novo petróleo

2018 foi um ano marcado por denúncias de vazamentos de dados e pela aprovação (depois de 8 anos) de uma lei de proteção de dados que começa a vigorar em 2020. Na União Europeia já está valendo desde maio do ano passado.

É importante destacar que os dados vão além de nomes, endereços, e-mail e CPF. Na verdade, a soma de vários dados é capaz de analisar hábitos, identificar e classificar o indivíduo, o que permite uma série de usos. Quer um exemplo? Uma pesquisa revelou que 83% concordariam que equipamentos como marca-passos e medidores de glicemia enviassem informações sobre a saúde dos pacientes aos médicos, mas de posse desses dados, o que poderiam fazer os planos de saúde? Aumentar as mensalidades ou até recusar o cliente?

Com a internet das coisas, os cuidados com a segurança devem ser ainda maiores, visto que carros e eletrodomésticos com conexão “conversam” entre si e “ouvem” e transmitem o que acontece a sua volta.

Você fornece informações o tempo todo sem se dar conta disso. Se ao acordar, acessa o WhatsApp e acessa um determinado grupo já está informando um hábito; se vai ao supermercado num determinado dia, tem cartão de cliente preferencial ou usa CPF está contando mais sobre você. Aliás, a empresa de cartão de crédito talvez saiba mais sobre seus hábitos de consumo do que você possa imaginar.

O Brasil está entre os países mais vulneráveis ao roubo de dados e só se sabe o objetivo “do ladrão” quando esses dados são usados. Um projeto roubado de um e-mail, violação de privacidade ou contas de banco invadidas podem trazer enormes prejuízos, sem falar no sequestro virtual que paralisa empresas até o pagamento do resgate. As postagens em redes sociais merecem cuidado equivalente. São públicas. Além de fornecer dados a seu respeito podem gerar uma avaliação ou repercutir negativamente e provocar perda de contratos, emprego e até expulsão de faculdade, como aconteceu recentemente com o aluno de uma tradicional universidade de São Paulo. Muitas vezes um simples pedido de desculpas não basta. O melhor cuidado é a prevenção.

PROTEJA SEUS DADOS

Para se proteger do mau uso de dados pessoais é necessário tomar alguns cuidados, independentemente das obrigações que o governo e a justiça tenham nesse sentido. Confira algumas dicas importantes:
🔒 use uma senha diferente para cada serviço, buscando combinações nada convencionais. Escolha 10 caracteres entre letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos e altere a cada três meses. Isso vale para bancos, redes sociais, e-mails… tudo que exija senha. Não repita a mesma;
🔒 tenha cuidado com wi-fi público. Use só quando for, de fato, necessário e não tiver outra opção. Em locais públicos o wi-fi e o bluetooth podem servir de porta de entrada para um hacker;
🔒 cuidado com e-mails e sites suspeitos.