Principado de Mônaco: o pequeno país é puro luxo!
Antes de ler esse texto, sugiro que dê uma conferida no seu visual, pegue uma taça de vinho (uísque se preferir) e desperte toda sua imaginação para entrar no clima, ou melhor, no reino dos Grimaldi.
Por Silvana Bezerra
Mônaco se tornou popular por aqui, provavelmente, graças a Ayrton Senna, o maior vencedor do circuito da Fórmula 1. Andar pelas ruas estreitas e sinuosas de Monte-Carlo nos permite ter uma noção mais clara da proeza do rei de Mônaco, como o piloto era chamado.
O GP de Mônaco, que acontece no dia 26 de maio, é o mais esperado do calendário automobilístico e, indiscutivelmente é a corrida que todos os pilotos sonham ganhar e fãs de corridas querem ver. Mas Mônaco não respira só automobilismo, apesar de ser o segundo menor país do mundo (só perde para o Vaticano), pode surpreender em seu território de dois quilômetros quadrados, ou seja, é um pouco maior que o nosso Parque Ibirapuera.
Mônaco vai além da nossa imaginação
O cenário é paradisíaco, mas a vida no principado parece de “outra dimensão”. Na encosta da Riviera Francesa, entre os limites do pequeno país, um em cada três moradores é milionário (tem a maior renda per capita do mundo); passear de iate é o passatempo nacional e pelas ruas você encontrará a maior concentração de carros de luxo. Além disso, o preço do metro quadrado em Mônaco está muito acima da média mundial: varia entre 53 mil e 100 mil euros (R$ 235 mil a R$ 445 mil).
Lembrando, estamos falando de metro quadrado e não residências. Por falar nelas, acredite, a demanda imobiliária é crescente, mas o país não tem mais como se expandir. Para driblar o problema, o atual governante, o príncipe Albert II, aprovou no ano passado um ambicioso projeto que promete criar uma faixa de terra artificial à beira mar para anexar, até 2026, seis hectares ao principado. A nova área, chamada Portier Cove, deverá contar com um porto com capacidade para 30 navios, um parque paisagístico e 120 moradias em edifícios residenciais de luxo. O custo é estimado em 1,5 bilhão de euros.
Tanto interesse pouco tem a ver com a paisagem. Mônaco é um “paraíso fiscal”. Não cobra imposto sobre rendimento, nem tributação sobre as empresas com negócios que tenham a maior parte do seu trabalho no país.
Bienvenue à Monaco
O principado não conta com aeroporto próprio. Quem parte do Brasil pode fazer escala em Roma ou Paris e desses pontos seguir para Nice, localizada a cerca de 20 km de Mônaco. A última etapa da viagem pode ser feita de trem, ônibus, van, táxi ou helicóptero. Seja qual for a opção prepare-se para encontrar uma paisagem deslumbrante. O transfer aéreo garante sua chegada em grande estilo. A Riviera Francesa vista de cima é de tirar o fôlego e o serviço custa a partir de US$ 140 por pessoa (fique alerta com os limites de bagagem), mas com o Passaporte Monte-Carlo é possível obter inúmeras vantagens, incluindo até mesmo o traslado de helicóptero gratuito para quem fica no país por mais de três dias e se hospeda nos hotéis parceiros.
Onde ficar
Mônaco oferece uma grande variedade de opções, mas os preços seguem o padrão do lugar, mesmo nos hotéis com menos estrelas. Há até quem alugue suítes em barco atracado em Port Hercule.
Para quem prefere economizar na hospedagem, vale a pena consultar os preços nas cidades vizinhas. O Guia Nômade Digital cita 5 opções: Nice, Villefranche-sur-Mer, Beaulieu-sur-Mer, Cap-d’Ail e Menton.
Nice, a mais procurada, abriga algumas das mais lindas praias e é considerada a capital cultural da Côte d’Azur. A cidade possui 19 museus e galerias, entre eles o Museu Matisse e o Museu de Arte Moderna.
Em Villefranche-sur-Mer o luxo não é tão ostensivo. Suas ruas estreitas e ladeiras exibem charmosas casinhas de veraneio construídas em estilo barroco italiano e as praias merecem um mergulho, especialmente a Plage des Marinières. Na cidade fica a casa mais cara do mundo, a Vila Leopolda, pertencente à socialite e filantropa brasileira Lily Safra. Conhecida como Gilded Lily (Lily Dourada) no jet set internacional, ela sustenta inúmeros projetos sociais e pesquisas na área de neurociência. Recentemente, ganhou destaque na imprensa por ter doado dez milhões de euros para a restauração da Catedral de Notre Dame.
A vizinha Beaulieu-sur-Mer também é uma alternativa. É famosa por seu porto, lojas de grife, cassino e casas de pedra. Cap-d’Ail, localizada a oeste do principado, fica tão perto que é possível ir de um lugar a outro caminhando. Mesmo que você não se hospede na cidade, vale uma visita. Possui uma das mais belas praias da Riviera Francesa: a Plage Mala. Menton, fica entre Mônaco e a fronteira com a Itália. A cidade, maior produtora de limão da França, já pertenceu a Mônaco. Hoje, é cheia de belas construções e muita história.
O que ver/fazer em Mônaco
Dizem que Mônaco não tem tempo ruim. O sol está presente em pelo menos 300 dias do ano e há quem diga que a melhor opção é conhecer o lugar a pé. Não é bem assim, especialmente no verão. Mônaco está encravado em uma rocha. Suas ruas são íngremes e a caminhada pode ser bem cansativa, ainda que de um plano para outro se possa contar com 12 elevadores (nem todos gratuitos), mas no minúsculo país o transporte funciona. Compre o passe por dia e circule à vontade.
Para conhecer Mônaco, basta um dia, mas se quiser saborear com calma o modo de vida monegasco é preciso ficar um pouco mais ou usar o principado como base para conhecer melhor a região.
A cidade-estado está dividida em quatro bairros: Monaco-Ville, Monte-Carlo, La Condamine e Fontvieille. Monaco-Ville é o bairro mais antigo e preservado. Entre as ruelas medievais e casas antigas preservadas, estão o Palácio do Príncipe, a Câmara Municipal, o Governo, o Conselho Nacional, o tribunal e a Catedral de Mônaco.
A fachada do Palácio reflete bem a história do principado, que nasceu como fortaleza da República de Gênova no século XIII, passou por inúmeras reformas até se transformar na residência oficial dos Grimaldi. Durante boa parte do ano fica aberto à visitação. Nos aposentos liberados para o público, arte e luxo convivem lado a lado, apesar das perdas registradas ao longo da história. Foi saqueado durante a Revolução Francesa e serviu como hospital para as tropas do exército da Itália. Entre os aposentos liberados para visitação está a Sala do Trono. Diariamente, precisamente às 11h55, acontece a troca da guarda na praça do palácio.
A Catedral de Mônaco, construída 1975 é palco dos momentos mais relevantes para o principado: casamentos, funerais e festividades nacionais. Construída com pedras brancas tiradas de La Turbie, tem estilo romano-bizantino. O altar feito por Louis Bréa datado de 1500 é feito de mármore de Carrara. O príncipe Rainier e a princesa Grace, assim como seus antecessores, estão enterrados lá.
O Museu Oceanográfico foi criado pelo príncipe Albert I, bisavô do príncipe reinante. Quem visita o museu, hoje, pode observar o ambiente reproduzido e as espécies das zonas tropicais; a vida no recife de corais; observar tubarões, peixes-palhaço, o temível peixe-pedra com espinhos mortais, admirar o atraente peixe-cofre, além de estranhos cavalos-marinhos. Nos tanques dedicados ao Mar Mediterrâneo estão mais de 200 variedades, entre elas o polvo inteligente, moreias e medusas. O museu expõe ainda numerosos espécimes embalsamados, fotografias, maquetes, esqueletos de mamíferos marinhos; fósseis, quimeras, escafandros e livros preciosos.
Às quartas-feiras e finais de semana, o museu permite que visitantes alimentem os animais do tanque tátil e apresentam jogos de som e luz na sala da baleia. Vale a pena ficar de olho na programação.
Monte-Carlo, a capital de Mônaco, na verdade é um bairro que se resume a uma ampla praça que abriga o cassino, jardins e hotéis de luxo. Construído em 1863 por Charles Garnier, o Monte-Carlo Casino vale uma visita até por quem não curte jogos de azar. O hall de entrada em mármore é rodeado por 28 colunas jônicas de ônix e dá acesso à sala da Ópera, inteiramente decorada em vermelho e ouro, com baixos-relevos e esculturas. Nos salões de jogos destacam-se os vitrais e as esculturas. A visitação é permitida das 9 às 13 horas, quando os salões de jogos não estão funcionando. O acesso à Ópera só é permitido quando há apresentações.
La Condamine, depois de Monaco-Ville, é a parte mais antiga do principado. É o distrito comercial que abrange o porto – base de inúmeros iates de luxo. Na sua extremidade está a Rampe Major, uma escadaria do século XVI, que leva até a Rocha, como Monaco-Ville também é chamado.
O Circuito de Mônaco do Grande Prêmio de Fórmula 1 começa e termina em La Condamine, no Boulevard Albert 1er, mas uma atração que pode ser visitada o ano inteiro é o Jardim Exótico, que abriga mais de mil cactos (alguns gigantes) e de outras espécies originários das principais regiões semiáridas do globo. No inverno acontece a florada das suculentas sul-africanas e, na primavera e no verão são os cactos do continente americano que florescem.
Na região fica o mercado coberto que funciona desde 1880 e onde se pode experimentar algumas receitas típicas como a socca (espécie de panqueca de grão-de-bico) e a pissaladiere (torta coberta com uma pasta de peixe salgada). No local é possível ouvir ainda o monegasco: dialeto que mistura francês e italiano, desenvolvido na Ligúria medieval.
Fontvieille, a área mais nova de Mônaco, foi construída sobre o aterro de uma faixa do Mar Mediterrâneo, para suprir a escassez de terra do principado. Idealizado pelo falecido príncipe Rainier, conhecido como o príncipe construtor, abriga o Estádio Louis II, a Universidade de Mônaco, apartamentos, empresas, heliporto e a coleção de carros do Príncipe Rainier III, iniciada em 1950, que reúne cerca de 100 modelos. A coleção inclui carros de diversas marcas (Hispano-Suiza, Rolls-Royce, Facel, Delage, Packard, Humber, Napier, Ferrari, Maserati, Lamborghini, Alfa Romeo e o Lexus usado no casamento do atual príncipe, em 2011) e modelos de corrida usados no Rali de Monte-Carlo e do Circuito da Fórmula 1, em Mônaco.
Em geral as praias de Mônaco são particulares e não são muitas. Por isso a Praia de Larvotto merece destaque. Além das águas cristalinas é pública. Dividida em duas enseadas, possui um jardim infantil, restaurantes, área para a prática de vôlei de praia e um espaço especialmente adaptado para pessoas com deficiência. O espaço Handiplage está equipado com um dispositivo especial de áudio-praia com balizas sonoras que indicam aos cegos sua posição na água. Além disso, jovens treinados acolhem e se ocupam das pessoas com mobilidade reduzida durante o banho de mar.
Como se vê, apesar do pequeno tamanho, Mônaco tem muito para oferecer e surpreender o visitante. Bon voyage!
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